Saturday, August 12, 2006

OBSERVAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE LEPIDÓPTEROS

Para o cidadão comum, qualquer animal com antenas, com mais de quatro patas, apêndices no geral, é considerado um insecto. Na realidade, esta ideia está incorrecta, pois engloba vários animais pertencentes a vários grupos diferentes. O grupo (filo) dos artrópodes, do grego arthros, articulação e podos, pés, significa presença de pés articulados e caracteriza-se pela presença de espécies com exosqueleto – esqueleto externo, extremidades articuladas, como é o caso de patas e antenas e ainda pela divisão do corpo em segmentos: cabeça, tórax e abdómen. Todos os ambientes terrestres possuem artrópodes, e existem fósseis desde o Câmbrico (muitíssimo anterior à era dos dinossauros), o que comprova o sucesso evolutivo destes animais. Pertencente ao filo dos artrópodes, o grupo dos insectos, o mais numeroso do reino animal, evidencia uma admirável variedade de formas e ciclos de vida, colonizando todo o tipo de habitats, excepto o meio marinho subaquático (segundo Ernestino Maravalhas, autor do livro: as Borboletas de Portugal). Quais as características que identificam e caracterizam um insecto? A presença de três pares de patas, um par de antenas e de um ou dois pares de asas, são as particularidades necessárias para caracterizar as formas adultas da maioria das espécies de insectos. A definição de insecto é, no entanto complexa, pois existem diferentes estádios de desenvolvimento, as metamorfoses, nas formas complexas, levando as formas juvenis a afastarem-se do aspecto típico do insecto adulto. O corpo dos insectos divide-se nas três partes, apresentando a cabeça as peças bucais, que reflectem a alimentação dos animais, o tórax, local de inserção das patas e das asas; o abdómen, que aloja vísceras – órgãos reprodutores e parte do aparelho digestivo. O nome lepidóptero, pouco ou nada diz à maioria das pessoas, mas representa, em nomenclatura científica, o grupo (ordem) das borboletas, que corresponde a um tipo de insectos que existem. Os lepidópteros distinguem –se dos outros insectos devido à sua metamorfose complexa. Estas transformações englobam quatro fases: ovo, lagarta, crisálida e o insecto adulto. O regime alimentar é muito diferente conforme o estádio de desenvolvimento: a lagarta consome grandes quantidades de vegetais, enquanto que a crisálida permanece completamente inerte, sem qualquer alimentação. Nas formas adultas, há espécies que não chegam a alimentar-se apenas servindo para a reprodução enquanto que outras consomem avidamente néctar e outros nutrientes. O projecto de observação e identificação de borboletas TAGIS – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, corresponde a um centro criado na dependência do Museu Nacional de História Natural (MNHN), Museu Bocage, com a finalidade de reunir uma equipa de trabalho especialmente dedicada ao estudo das borboletas (Insecta: Lepidoptera) numa perspectiva de conservação da diversidade da fauna em Portugal. Para isso, este centro disponibiliza às escolas a possibilidade de aderirem ao dia B - Observação e Identificação de Borboletas, fornecendo material de apoio adequado e orientações aos professores coordenadores do projecto nas escolas, para a implementação do dia B. Conhecer e interpretar as ameaças que estão a sofrer estes insectos é também compreender a difícil situação ambiental que o homem vive actualmente. A conservação das borboletas está sujeita a inúmeras ameaças entre as quais, a destruição do seu habitat natural, para fazer face ao crescente desenvolvimento das zonas urbanas. A substituição de sobreiros, azinheiras, medronheiros e carvalhos, por plantações de pinheiros e eucaliptos, é outro dos problemas, uma vez que a diversidade vegetal nestes locais é reduzida. Outros factores de risco existem mas constituem os inimigos naturais dos lepidópteros: os ovos são uma recompensa para predadores de grande porte, que chegam a ser dízimados pelas aves em cerca de 95% dos casos. Assim, as fêmeas são bastante criteriosas na postura dos ovos. As lagartas são tenras e muito nutritivas constituindo um manjar para piscos e chapins. Algumas apresentam por isso cores berrantes e aspecto tóxico para confundir os predadores. Estes animais, apesar de frágeis, pertencem a um grupo de seres, os insectos, cujo sucesso em termos de colonização ao longo da História da Terra, é evidente. Muito terá contribuído a capacidade de voar, que terá permitido a dispersão máxima em termos de espaço. Os estudos de inventariação regular quanto à abundância de borboletas permite detectar mudanças (declínios e expansões) a longo prazo e assim adoptar medidas adequadas à sua preservação ambiental. Para mais informações: www.tagis.net

No comments: