Wednesday, August 16, 2006

ALFORRECAS DA NOSSA COSTA

No Brasil estes seres são chamados Águas Marinhas, Mães de Água ou Águas Vivas(geralmente mais pequenas).
A primeira vez que ouvi falar de alforrecas ou medusas foi nos anos 90, a propósito das nossas criativas cantoras pimba, quando estas se vestiam de branco e cantavam algo do tipo... maldito amor que me enloqueces...pareces que fazes bruxedo... ou algo tipo podes ficar com as joias, a casa e o carro...Enfim, um drama. Naquela altura estas cantoras encantavam a malta, nas queimas das fitas...
Tinha uma colega da faculdade, que comparou uma vez, a vestimenta dessas cantoras antes chamadas de pimba, agora românticas, com as alforrecas: panos transparentes, de cor branca e esvoaçante...tudo fazia assemelhar-se a estas criaturas.
Desde esse dia, sem saber porquê, e talvez pelas razões erradas esses seres intrigam-me.
Voltei a ver medusas ao vivo, quando se realizou a Expo 98, em Lisboa, no Parque da Nações, no Pavilhão do Futuro. Aqui, num aquário, estes seres pretendiam mostrar a sua fragilidade perante um oceano de maus tratos.
Entretanto, estive a passar uns dias na costa entre Aveiro e Porto, e eis que na Marina de Ovar vislumbro nas águas, junto às embarcações, umas alforrecas gigantes, de cortar a respiração.
Um dos encontros imediatos a que está sujeito qualquer banhista das mais ocidentais praias da Europa é precisamente com as alforrecas ou medusas, espécies que, em contacto com a pele humana, produzem sensações urticantes. As alforrecas têm uma estrutura campaniforme, na base da qual se encontram diversos tentáculos. Das espécies que aparecem na nossa costa a mais perigosa é provavelmente a Pelagia Noctilua, de cor rósea ou avermelhada, que emite luminesência quando incomodada. O contacto com as espécies urticantes das praias portuguesas pode provocar dores musculares, inchaços e reacções que uma amiga enfermeira presente no local, designou como resposta anafilática, que se pode traduzir em última instância, por obstrução respiratória. As picadas de alforrecas podem provocar ainda problemas cardíacos. 0 quadro clínico destes contactos é, no entanto, benigno a as sensações estranhas de comichão podem desaparecer pouco tempo depois.
Na vizinha Espanha, o caso é bastante mais grave, uma vez que várias praias estão interditas a banhos, este Verão, devido à presença destes seres. A invasão estende-se às praias da Catalunha, Valência, Múrcia, Costa do Sol, Baleares e à cidade de Ceuta e Melilha, na costa africana.
A subida da temperatura da água do mar é apontada como uma das causas do aumento do número elevado de alforrecas, já que lhes proporciona mais alimento. Por outro lado, os especialistas e responsáveis da área da saúde garantem que o fenómeno resulta de mudanças climáticas e do desaparecimento de predadores naturais, como as tartarugas e o atum.
No dia em que me desloquei à Marina de Ovar, encontravam-se no local dois Biólogos da Universidade de Aveiro para realizar análises toxicológicas às águas do local.
O que fazer em caso de contacto / picada pelas alforrecas?
Deve lavar-se muito bem a zona afectada com água corrente a aplicar em seguida uma pomada anti-inflamatória. Nos casos mais graves, quando ficam alguns tentáculos agarrados à pele, deve começar-se por retirá-los, aplicando de seguida talco, bicarbonato de sódio ou mesmo creme de barbear na zona afectada.A forma mais segura de não ser atingido por estas sensações urticantes provenientes dos contactos com as alforrecas é resistir à tentação de pegar nelas, seduzido pela sua textura gelatinosa. Também não se deve agarrar nelas directamente com as mãos, para as remover da areia. E muito menos lançá-las para longe, pois é ao fazer esse gesto que os banhistas são atingidos...
Nas praias do distrito de Aveiro, os banhistas reclamam informação acerca da presença destas estranhas criaturas tal como a informação obrigatória ao público sobre a qualidade da água e os números de emergência em caso de acidente.
Para aprofundar os conhecimentos, consultar o site da University of New South Wales, Australia, onde se aborda em pormenor a questão dos Jellyfish.
Consultar o site:
Uma curiosidade gastronómica: algumas variedades destes bichos cnidários são um manjar para os chineses...acreditam nisto? É de ficar com os olhos em bico.

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